Tabaco influencia na Flora de bactérias bucais
35% das Bactérias da boca prejudicadas pelo TABACO
Pesquisadores brasileiros realizaram recentemente estudos para mostrar que
centenas de espécies de bactérias presentes na boca humana são prejudicadas pelo consumo de álcool e tabaco.
Os fumantes perdem cerca de 35% da flora de bactérias bucais, que conta com até 700 espécies diferentes de microrganismos. A análise dos especialistas do A.C. Camargo Câncer Center e da Universidade de São Paulo mostrou que aqueles que consomem bebidas alcoólicas e fumam podem perder até 20% da riqueza bacteriana.
O estudo aconteceu com um grupo de 22 voluntários, sendo 7 consumidores recorrentes de álcool e tabaco, 6 fumantes que não bebem com frequência e 9 pessoas que não bebem nem fumam. Foram coletados trechos de DNA da boca, por meio de uma espécie de cotonete, com informações suficientes para caracterizar as espécies presentes no interior da boca e na língua.
Os resultados indicaram que dentre os consumidores de álcool e tabaco, em uma média de 500 espécies encontradas, 20% foram perdidas e, além disso, alguns outros tipos de bactérias se tornaram mais abundantes. Para os fumantes que não bebiam com frequência, 35% da flora bacteriana foi prejudicada.
De acordo com os pesquisadores, há evidências que sugerem que as alterações nas bactérias presentes em nosso organismo podem estar relacionadas com doenças como o câncer, que aparecem mais frequentemente pelo consumo de tabaco e bebidas alcoólicas. Tal situação desperta alerta, pois da mesma forma que acontece no intestino, a comunidade em equilíbrio de bactérias ajuda ‘com a prevenção de
complicações e manutenção da saúde.Portanto, a biodiversidade bucal em desarmonia poderia acentuar os problemas causados por essas drogas.
O álcool pode servir de nutriente para um determinado grupo de bactérias especializadas em seu metabolismo. Por esse motivo, a boca das pessoas
que bebem e fumam apresenta maior número de bactérias, pois a substância
é transformada em um componente tóxico e cancerígeno, o acetaldeído.
No entanto, o aumento do número de bactérias em pessoas desse grupo não
significa benefícios – pelo contrário, o aumento das espécies pode estar relacionado à propensão do câncer.
Agora, os pesquisadores estudam’ o que acontece com a comunidade biológica de bactérias bucais em um fumante que desenvolve câncer. Se houver uma relação entre a flora bacteriana e o desenvolvimento do câncer, o microbioma poderia ser monitorado para indicar um biofilme pré-maligno.
Segundo o biólogo Emmanuel Dias-Neto, que assina o novo estudo, são ideias interessantes, mas que ainda estão no começo. Outra possibilidade seria o desenvolvimento de uma goma de mascar com bactérias “do bém” (com probióticos, como alguns tipos de iogurte) para diminuir as probabilidades de implicações cancerígenas.
Fonte:Jornal APCS / Fevereiro 2015 pag 15